Descubra os sintomas iniciais do câncer de rim, os métodos diagnósticos mais precisos e os tratamentos modernos disponíveis. Um oncologista especialista em tumores urinários compartilha insights valiosos.
O câncer de rim representa cerca de 3% de todos os tumores malignos em adultos, sendo mais frequente entre os 50 e 70 anos. Como oncologista especializado em tumores genitourinários, observo que muitos casos inicialmente são assintomáticos ou pouco sintomáticos, sendo o quadro descoberto incidentalmente durante exames de rotina.
A boa notícia é que os avanços diagnósticos e terapêuticos dos últimos anos revolucionaram o tratamento do tumor renal, oferecendo opções menos invasivas e mais eficazes.
Tipos de Câncer de Rim Mais Comuns:
Carcinoma de Células Renais (CCR)
1. CCR de Células Claras (~75–80% dos casos)
● Subtipo mais frequente.
● Associado a alterações no gene VHL (incluindo síndrome de Von Hippel–Lindau em formas hereditárias).
● Prognóstico melhorou substancialmente nos ultimos anos, com a incorporação das imunoterapias modernas (inibidores de checkpoint).
2. CCR Papilar (~10–15% dos casos)
● Não mais subdividido oficialmente em tipos 1 e 2 na classificação OMS 2022.
● Apresenta heterogeneidade morfológica e molecular, incluindo alterações frequentes no gene MET.
● Pode ser esporádico ou hereditário, e a ocorrência de tumores bilaterais (nos dois rins) ocorre principalmente nos casos de síndromes hereditárias.
● Prognóstico também melhorou com os avanços terapêuticos recentes.
3. Outros subtipos raros: carcinoma renal cromófobo, carcinoma de células renais associado a translocação MiT (ex: TFE3 (Xp11.2) e TFEB), carcinoma de células renais associado a mutação em SDH, carcinoma medular, carcinoma de ductos coletores ou de Bellini
Sintomas que Você Não Deve Ignorar
O câncer de rim é frequentemente chamado de “tumor silencioso” porque os sintomas iniciais podem ser inexistentes ou vagos.
Hematúria (Sangue na Urina)
A hematúria é o sintoma mais comum, presente em 40-50% dos casos:
● Pode ser microscópica ou macroscópica
● Geralmente indolor
● Intermitente – pode aparecer e desaparecer
Outros Sintomas Importantes
● Dor lombar persistente: Localizada no flanco
● Massa abdominal palpável: Sinal tardio em tumores grandes
● Perda de peso inexplicável: Pode indicar doença avançada
● Febre persistente: Sem causa infecciosa aparente
Fatores de Risco e Prevenção – Principais Fatores de Risco
Tabagismo: Principal fator modificável
● Aumenta o risco em 50-100%
● Risco diminui após cessação
Obesidade: Especialmente importante em mulheres
● IMC >30 kg/m² duplica o risco
Hipertensão arterial: Aumenta risco independente do tratamento
Exposições Ocupacionais:
● Tricloroetileno
● Cádmio
● Amianto
História familiar de tumores renais – Métodos Diagnósticos Modernos
Tomografia Computadorizada (TC)
● Exame de primeira escolha para avaliação e estadiamento do câncer renal.
● Pode detectar inclusive tumores pequenos.
● Avalia extensão local e relação com estruturas vasculares.
● Útil também para pesquisar metástases em tórax, abdome e pelve.
Ressonância Magnética (RM)
● Alternativa importante à TC quando há contraindicação ao contraste iodado
● Pode complementar os achados da TC, oferecendo uma avaliação mais detalhada e auxiliando a esclarecer a composição do tumor (lesões císticas complexas, sólidas, componente de gordura, necrose, etc).
● Avalia com precisão a relação do tumor com estruturas vizinhas, especialmente vasos, colaborando no planejamento cirúrgico.
Biópsia Renal
Indicações:
● Idealmente deve ser indicada sempre que há suspeita de tumor maligno, exceto em casos em que é contra indicada pelas condições clínicas do paciente e/ou impossibilidade técnica na realização do procedimento.
Opções de Tratamento Atuais – Cirurgia
Nefrectomia Parcial:
● Preferencial sempre que possível
● Aumenta as chances de preservar a função renal
● Pode ser laparoscópica ou robótica
Nefrectomia Radical:
● Tumores grandes e/ou que comprometem o seio renal
● Pode ser laparoscópica e robótica
Terapias Ablativas
Para pacientes selecionados:
● Radioterapia externa
● Crioablação: congelamento do tumor
● Ablação por radiofrequência (RFA – Radiofrequency Ablation):
● Ablação por micro-ondas (MWA – Microwave Ablation)
● Eletroporação irreversível (IRE – Irreversible Electroporation): pulsos elétricos de alta voltagem
Tratamento Sistêmico
Para doença metastática:
● Imunoterapia combinada: Nivolumab + Ipilimumab
● Combinações baseadas em imunoterapias modernas: Imunoterapia + terapia-alvo (inibidores de tirosina kinase – TKI)
● Terapias-alvo (TKI): Sunitinibe, Pazopanibe, Cabozantinibe, Axitinibe
● Inibidores da MTOR (iMTOR): Everolimos
● Inibidores de HIF-2a: Belzutifan
Prognóstico e Acompanhamento
Fatores Prognósticos
● Estadiamento TNM
● Grau nuclear
● Tipo histológico
● Performance status do paciente (saúde global)
Perspectivas Futuras – Inovações em 2025
● Biomarcadores preditivos
● Terapias-alvo de nova geração
● Imunoterapia avançada
● Medicina personalizada
Perguntas Frequentes
Câncer de rim tem cura? Sim. Quando diagnosticado precocemente, a taxa de cura
supera 90%. Mesmo nos casos avançados ou metastáticos, cada vez mais vemos
pacientes com respostas excelentes e duradouras.
Posso viver com um rim? Absolutamente. Um rim saudável pode manter a função renal
normal.
É hereditário? Apenas 3-5% são hereditários, associados a síndromes específicas.
Conclusão
O câncer de rim não é mais a sentença que era há décadas. Os avanços em diagnóstico e
tratamento revolucionaram o prognóstico desta doença.
Mensagens-chave:
● Diagnóstico precoce oferece excelentes chances de cura
● Cirurgias minimamente invasivas preservam qualidade de vida
● Novas terapias controlam efetivamente a doença avançada
Como oncologista especializado em tumores geniturinários, meu compromisso é abranger tudo e não deixar nada passar, oferecendo desde o diagnóstico mais preciso até os tratamentos mais avançados.
Se você tem fatores de risco ou sintomas suspeitos, não hesite em buscar avaliação especializada. Sua saúde merece o melhor cuidado.

